ZEN A arte de viver simplesmente – Shunmyo Masuno

Estudava eu, alegre e descontraidamente, com algumas alunas do secundário, eis senão quando… conversas e palavras puxam-se umas às outras – as cerejas também – e… deu nisto:

Olá, boa tarde! Vocês aceitaram o desafio de ler um livro fora do Plano Nacional de Leitura e, por conseguinte, resolvi fazer o mesmo! Assim, fui ali ao monte de livros por ler e escolhi este. Não é que esteja arrependido, mas… é capaz de ser uma leitura difícil…

Senão vejamos: “Quando chega a casa, provavelmente quer pôr-se à vontade. E quando se descalça, quase que não pensa duas vezes no assunto. No entanto, se gastar alguns segundos para alinhar os sapatos, estará a praticar zen. Estará a ordenar a sua vida, a “arrumá-la” de forma mais harmoniosa. Ao organizar o espaço físico à sua volta, vai tranquilizar a mente… por breves instantes.” – contracapa

Desapegue-se do que é velho antes de pensar em coisas novas.

Quando as coisas não correm bem, temos tendência para pensar que é porque há algo que nos falta. Mas se queremos que a situação mude, primeiro temos de nos libertar de alguma coisa, antes de irmos à procura de coisas novas. Este é um princípio fundamental para uma vida simples.” – p.25

A sua secretária é um espelho da sua mente interior.

(…) Quando as coisas estão desordenadas, arrume-as. Quando as coisas se sujam, limpe-as. Antes de dar o dia por terminado, arrume a sua secretária. As pessoas que têm esse hábito sentem maior clareza. São capazes de se concentrar a cem por cento no trabalho, sem se distraírem com nada.

(…)

A cada passagem da vassoura, limpamos o pó da mente. A cada passagem do pano, o coração resplandece mais.

Isto aplica-se tanto à secretária no seu emprego quanto aos quartos em sua casa. Não se deixe bloquear por ansiedades ou problemas – a chave para uma mente revigorada é, em primeiro lugar, pôr em ordem o ambiente que nos rodeia.” – p.27

“A vida requer tempo e esforço. Por isso, quando eliminamos o tempo e o esforço, eliminamos os prazeres da vida.

De vez em quando, experimente a via menos cómoda.” – p.29

«Há coisas que são “necessidades não essenciais”

O acesso a um templo zen ou a um santuário xintoísta tem vários portões – grandes arcadas vermelhas a que chamamos torii.

Antes de chegarmos ao átrio principal de um templo zen, passamos por três portões – o principal, o central e o triplo -, que representam o nosso percurso até à iluminação espiritual. Os templos xintoístas também têm três torii.

Afinal porque é que se constroem estras estruturas acessórias? Bem, creio que podemos chamar-lhes “necessidades não essenciais”.

Referimo-nos aos portões e aos torii como “barreiras espirituais”. Por outras palavras, eles fazem a ligação entre dois mundos separados.

Cada um desses portões lembra-nos de que nos aproximamos de um mundo puro – daquilo que, no budismo, consideramos ser “terrenos sagrado”.

É por isso que os templos budistas têm esses três portões. Ao criarem uma fronteira entre mundos, ajudam-nos a ter consciência da distância que há entre cada um. E, à medida que passamos por cada um desses portões, temos a sensação de estar a penetrar em terreno sagrado.

O tempo que leva a chegar ao trabalho também pode ser considerado uma “necessidade não essencial”. Dá-lhe tempo para passar do “modo pessoal” para o “modo profissional”. Pode parecer inútil, mas talvez seja indispensável.» – p.57

“Há alturas em que unimos as mãos e, em silêncio, rezamos por alguém ou refletimos sobre algo. Recomendo que arranje tempo para fazer isto, não só quando visita uma campa ou um local religioso, mas também na sua vida quotidiana.

O que é gassho? A mão direita representa os outros. Pode ser o Buda, Deus ou qualquer pessoa à nossa volta. A mão esquerda somos nós. Gassho representa unir as duas para que se tornem uma só. É um sentimento de respeito pelos outros – uma oferenda de humildade.

Ao unirmos as nossas mãos, alimentamos o sentimento de gratidão. Não sobra espaço para o conflito. Não podemos atacar ninguém com as mãos unidas, pois não? Um pedido de desculpas feito com as mãos unidas apazigua a raiva ou a irritação. É este o significado de gassho.” – p.61

“Ninguém se pode arrepender do futuro.” – p.70

“Vou contar-lhe uma história sobre nuvens a fugirem.

Imagine que está a trabalhar no campo num dia quente de verão. Sem nuvens que o protejam do sol ardente, tem de suportar o calor. Mas então olha para o céu e vê ao longe uma mancha branca.

Ah, aposto que deve estar mais fresco à sombra daquela nuvem. Espero que chegue aqui depressa. E pondera fazer uma pausa até a nuvem chegar.

Mas a verdade é que a nuvem pode nunca chegar para o proteger do sol e o dia pode acabar enquanto espera pela sombra.

Em vez de esperar que a nuvem se aproxime, esforce-se por fazer logo o que é preciso fazer. Se trabalhar com dedicação, talvez se esqueça do calor. Talvez a nuvem chegue de repente, já sem estar à espera, trazendo consigo uma frescura.

Aquilo de que falo aqui aplica-se não só às nuvens, mas também ao destino ou à sorte. De nada serve invejar outrem que tenha sido abençoado com alguma sorte, nem lamentar a falta de oportunidade. Simplesmente dê o seu melhor para fazer o que tem a fazer. E a sorte decerto virá ao seu encontro.” – p.75

“Passa-se o mesmo com as nossas vidas. Tudo está em fluxo constante. Há mudanças à medida que envelhecemos e mudanças no nosso ambiente.

Nada há a recear nessas mudanças.

Uma mente flexível aceita a mudança e não se apega ao passado. Em vez de lamentar a mudança, encontra nela nova beleza e esperança.” – p.109

“Sabedoria é aquilo que sabemos por pormos em prática o conhecimento.” – p.119

“Os três venenos são a ganância, a raiva e a ignorância. (…)

Sempre que der por algum dos três venenos a começar a mostrar-se, tente acalmar a mente, regulando a respiração. Isto pode impedir que os problemas se instalem.” – p.143

«Não seja demasiado apressado, nem demasiado descontraído.

Há uma expressão japonesa, sottaku doji, que quer dizer, literalmente, “bicar simultaneamente por dentro e por fora”.

É usada para descrever o que acontece quando um ovo está a eclodir: a primeira parte refere-se ao pintainho, que bica por dentro da casca do ovo; a segunda parte, à reação da galinha que começa a bicar por fora, para ajudar o pintainho a sair.

É uma situação muito delicada. Se a galinha partir a casa antes de o pintainho estar completamente formado, o pintainho morre. Por isso, tem de escutar muito atenciosamente o som das bicadas do filhote e decidir quando é a altura de bicar por fora, para o ajudar a romper a casca.

Por outras palavras, sottaku doji tem a ver com encontrar a altura certa para ambos.

Isto aplica-se à educação das crianças, mas serve também para outras situações.

Quando ensinamos alguém no trabalho, não podemos apressá-lo, nem ser demasiado descontraídos. E, quando somos nós a aprender, cabe-nos enviar um sinal de que estamos prontos para progredir.

Os melhores resultados ocorrem quando duas partes se sincronizam e agem na altura certa.» – p.155

E pronto, deixo por aqui algumas citações que podem servir de exemplo para aguçar a vossa curiosidade à leitura do mesmo.

Reiki Universal – Johnny de’Carli

“Para se tornar um reikiano praticante, é imprescindível procurar antes um mestre do método Reiki. É necessário receber a iniciação (sintonização) de um mestre devidamente habilitado para tal atividade. Após a iniciação, este livro poderá tornar-se um guia. Entretanto, de forma nenhuma poderá ser considerado um manual de autoaprendizagem. O metido Reiki não pode ser aprendido através de livros, sebentas, vídeos ou áudios. Aquele que se dispuser a praticar o método sem a devida iniciação, não estará a utilizar a energia Reiki, mas sim a comprometer a sua própria energia pessoal (ki) com resultados prejudiciais à saúde.” – prólogo

“A terapia energética ou vibratória não substitui a medicina convencional, assim como a medicina convencional não substitui a terapia energética.” – p.15

“Vence o tempo e o espaço

Ao contrário das terapias mais conhecidas – massoterapia, shiatsu, do-in, quiropraxia, cromoterapia e outras -, nas quais há o condicionante do contacto físico, a energia Reiki também pode ser enviada à distância, com sucesso, num processo similar ao da emissão de ondas radiofónicas. A energia pode ser enviada para todo o planeta, um país em crise, um grupo de pessoas, uma floresta a ser devastada, animais em extinção, a camada de ozono, grupos a trabalhar pela paz, um parente ou amigo, etc.  Do mesmo modo, pode ser enviada para um trauma do passado (assalto, violação, desavença, demissão), minimizando o dano emocional, bem como ser programado para atuar num evento futuro (audiência, entrevista de emprego, viagem aérea, ida ao dentista, etc.). A energia Reiki é multidimensional, atua na quarta dimensão, na qual o fator tempo/espaço deixa de ser um atributo fundamental. Na quarta dimensão, temos um continuum, onde não há passado, presente nem futuro, o que explica como é que os grandes profetas, como Michael de Notre-Dame (Nostradamus), que viveu em França há 500 anos, conseguiam revelar factos que ainda estavam por ocorrer.” – p.20

“Quando procuramos, por exemplo, um dentista ou um ortopedista, visamos curar os problemas do corpo físico. Procuramos o apoio de um psicólogo, para o equilíbrio do corpo emocional. No caso dos tratamentos psiquiátricos, o objetivo passa a ser o corpo mental. Muitas pessoas procuram líderes religiosos quando o objetivo é o corpo espiritual. Ao utilizarmos a energia Reiki, mantemos e recuperamos a saúde física, emocional, mental e espiritual. É um método natural de equilíbrio, restauração e aperfeiçoamento de todos os corpos, que gera um estado de harmonia.” – p.21

“O método de Reiki é sagrado, mas não é uma religião ou um sistema filosófico. Não tem restrições ou tabus. Adapta-se a qualquer cultura, raça, credo, seita ou idade. Não utiliza talismãs ou quaisquer instrumentos auxiliares. Também não é necessário que acreditemos nele, para que se propague ou faça efeito.” – p.24

“Na maioria das terapias holísticas, é impossível, ou torna-se muito difícil, o terapeuta utilizar a técnica em si mesmo. Um dos maiores benefícios do método Reiki é a possibilidade de autotratamento. O autotratamento é uma prática extremamente efetiva para a libertação da tensão, o relaxamento e a redução do stress. Amplia a energia vital, propiciando o equilíbrio aos corpos subtis e físico. Possibilita também a libertação de toxinas e bloqueios de energia, provenientes de emoções retidas. Uma pessoa pode autoaplicar a energia Reiki em qualquer lugar, seja numa sala de espera, no avião, no autocarro, no metro, no táxi, na cama, ao acordar ou antes de dormir.” – p.25

“A própria física quântica, através de pesquisas sobre o átomo e a energia nuclear, demonstra que, a um nível mais ínfimo, a matéria é energia. (…) O mundo material é dividido em partículas cada vez menores e, no final, o que encontramos são ondas de energia (quanta). Descobrimos a verdade simples de que a energia precede a matéria, assim como os pensamentos e as emoções precedem a ação.” – p.28

“Tentam conseguir, na sessão de Reiki, a saúde que eles mesmos arruínam, sem precaução. A maioria de nós prefere olhar para fora e não para dentro de si mesmo. O maior enganado é aquele que se engana a si próprio.” – p.62

“Torna-se mais fácil compreender o ensinamento de Jesus: «Não lanceis as vossas pérolas aos porcos.» Não adianta dedicar um tempo valioso a aplicar a energia Reiki naqueles que ainda não estão em condições de a receber e valorizar.” – p.63

“A vida é um projeto pessoal. Os nossos pensamentos criam a nossa realidade. O método Reiki, ao modificar os nossos pensamentos, resgata a nossa condição natural de felicidade.” – p.93

“(…) os chacras que são na verdade, a base do trabalho científico de terapeutas e investigadores ocidentais. Uma vez que a energia Reiki trabalha, principalmente, nos corpos subtis, é muito importante conhecer esses trabalhos. (…) O tamanho dos chacras depende do desenvolvimento espiritual e das vibrações que emitimos.” – p.129

“(…) no corpo humano não existe praticamente um único ponto que não seja sensível energeticamente. (…) Os chacras são responsáveis pelo fluxo energético no corpo humano.

Têm como função principal absorver o prana (energia proveniente do sol), metabolizá-lo, alimentar a nossa aura e, finalmente emitir energia para o exterior. Funcionam como veículo de energia ou regiões de conexão de energia que ligam o corpo físico ao subtil. (..)

Há inúmeras técnicas de abertura dos chacras. Entre elas, o método Reiki tema vantagem de ser uma técnica suave.” – p.131/132

“A aplicação da energia Reiki à distância é de grande valor quando o contato direto for doloroso (no caso de queimadura, por exemplo), quando existir o risco de infeção para o recetor ou de contágio para o reikiano. Enviar a energia Reiki a uma pessoa que está no mesmo ambiente, porém do outro lado da sala, é já considerada uma aplicação à distância, por estarmos fora do campo áurico do recetor.” P. 241

“Vale a pena lembrar o que foi dito por Jesus, conforme o Evangelho de São João, capítulo 16, versículos 23 e 24: «Nesse dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedires alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará. Até agora nada pediste em meu nome; pedi e recebereis. Assim, a vossa alegria será completa.» É preciso pedir! Dificilmente, não encontramos essa frase numa das dezenas de obras escritas pelo padre Lauro Trevisan. Se não solicitar um aumento de salário, dificilmente o patrão o concederá. «A criança que não chora não mama» é uma verdade popular conhecida. Há pessoas que pedem ao Cosmos, através de orações, pela fé religiosa, fazendo promessas, oferendas e alcançando os seus objetivos. No método Reiki, ensinamos a pessoa a intervir positivamente em pelo menos 80% dos seus problemas. Aqui, colhemos o que plantamos, a maior parte dos acontecimentos não é kármico e poderá ser alterado. Aprenda a pedir para viver melhor.” – p. 247

O Mestre no Coração – Annie Marquier

“Isto quer dizer, que os nossos estados emocionais são em grande parte dependentes dos nossos pensamentos e não do que está a acontecer fora de nós mesmos, como geralmente tendemos a acreditar.” – p.23

“Temos de desenvolver uma definição mais exata do nosso mecanismo emocional, uma definição mais precisa de «o que é sentido» em lugar de «o que é pensado», com especial ênfase na fonte destes sentimentos e pensamentos.” – p.36

Entre o estímulo e a resposta há um espaço.

Nesse espaço reside o nosso poder de escolher a nossa resposta.

É da nossa resposta que dependem o nosso crescimento e a nossa liberdade.

VICTOR FRANKL” – p.40

“Sabemos o quão fácil é manipular as pessoas através do medo e da insegurança. O nosso mundo está cheio de exemplos de manipulação em massa que recorrem ao medo. Temos de nos questionar a fim de reconhecer os nossos medos, as nossas inseguranças, e até que ponto determinam as escolhas que fazemos, visto que são maus conselheiros…”  – p.78

“Graças a esta autoconsciência, o Homem, através da sua natureza física e do contacto íntimo com o mundo da matéria, desenvolveu a capacidade de optar livremente por captar as vibrações do espírito e, assim integrá-las na matéria.” – p.87

“Nunca será excessivo repetir que aceitar uma situação nos permite mudá-la, ao passo que resistir-lhe (e culparmo-nos a nós, ou aos outros ou à vida) nos prende ainda mais a ela.” – p.100

“Assim, de acordo com o princípio da ressonância:

Pensamentos e emoções elevados geram um estado de coerência biológica, levando a um funcionamento ótimo do ser humano a todos os níveis.

Pensamentos e emoções inferiores geram um estado de caos biológico que limita todos os aspetos do funcionamento de um sistema humano.” – p.124

“Dominarmos as nossas emoções, mantermo-nos calmos e centrados, conservarmos a paz no nosso coração e na nossa mente sejam quais forem as circunstâncias, tudo isto é muito exigente, visto que contraria os mecanismos mais básicos do ego. (…) Estaremos mais bem equipados para fazer uso destas ferramentas quando entendermos o seu objetivo.” – p.137

“O PRINCÍPIO DA UNIDADE

Para que se manifeste esta grande presença da nossa alma – à qual demos o nome de «Mestre no Coração» -, há um requisito incontornável: o medo, as emoções inferiores, a luta pelo poder, enfim: toda e qualquer forma de separação tem de desaparecer.

Por outro lado, as emoções e os pensamentos positivos, que identificámos como pré-condição indispensável para esta presença, são, na realidade, apenas a expressão de um princípio fundamental do Universo, ou seja, o princípio de unidade.” – p.142

“Acontece que, na realidade, ambos provêm do mesmo reservatório energético do Universo, chamado «plano astral» nos ensinamentos da sabedoria antiga. Estes ensinamentos afirmam que, no referido plano (como em todos os planos de manifestação), existem diferentes frequências vibratórias e podemos usar diferentes «materiais», em função do nosso nível de consciência. No plano físico, com materiais grosseiros, não podemos criar nenhuma obra de arte, mas é-nos possível expressar uma grande beleza se usarmos materiais flexíveis, maleáveis, apurados e trabalhados. Da mesma forma, no plano vibratório das nossas emoções (como no plano dos pensamentos), podem escolher a qualidade dos materiais que queremos usar para alimentar a nossa vida.” – p.151

“Seguir com coragem ao longo do caminho para a abertura do coração, apesar dos desafios que tal implica, concede uma determinação e uma profundidade genuínas ao processo de transformação. Sem este processo de abertura ao Mestre no Coração, o «despertar espiritual» dos contros da cabeça é ilusório ou, na melhor das hipóteses, incompleto. – p.160

“A passagem do estado de consciência inferior ao superior não é um processo repentino.  Como qualquer forma de evolução que ocorre na Natureza, este processo baseia-se num desenvolvimento lento e gradual. Envolve um intenso período de preparação que vai permitindo a entrada de uma quantidade cada vez maior de luz da alma, até chegar a um ponto em que a tensão é tal que se dá uma viragem total. Na ciência esotérica, este momento de transformação radical recebe o nome de «iniciação», ou também de «iluminação». Pode parecer instantâneo quando a viragem se dá, mas, na realidade, é o resultado final de um longo processo de evolução orquestrado pela Natureza e, depois, pela vontade iluminada do ser humano.” – p.160

“Se existe a possibilidade de usar diferentes circuitos de perceção, é porque existem diferentes níveis de consciência. Por outras palavras, o circuito que cada um de nós utiliza, assim como a clareza com que perceciona a realidade, depende do nível de evolução da sua consciência.” – p.178

“Neste sentido, vale a pena referir que existem muitas pessoas que, embora não sigam nenhuma prática espiritual, nem por isso deixam de estar em profundo contacto com a sua alma. Sentimos nelas um brilho especial. São «pessoas de coração nobre», por vezes com muito poder no mundo, por vezes muito simples. Os verdadeiros critérios, esses, temos de os procurar noutro lugar…”  – p.234

“Com base no que foi discutido anteriormente, torna-se evidente que seguir o caminho do Mestre implica deixarmos de nos identificar com o ego. Para tal, são vários os passos fundamentais que temos de dar. Um dos primeiros é a prática da «postura de testemunha», uma atitude desde sempre recomendada em todas as verdadeiras disciplinas espirituais. Tem recebido nomes diferentes: vigilância, observação, lembrança de si (Gurdjieff), presença, etc. É uma atitude interior, uma forma de posicionar a consciência de modo que possamos observar as nossas reações mentais, emocionais e físicas.” – p.240

“Entre outras coisas, este autor descreve como, durante uma entrevista de rádio, ainda mal se tinha sentado quando lhe disseram: «Defina a alma», ao que ele apenas foi capaz de responder com um sorriso…

Como é óbvio, se realmente queremos saber a que sabe uma laranja, todas as explicações que possamos ouvir sobre a sua origem, o seu cultivo e produção, apenas nos darão a saber que esta fruta existe, talvez nos deixem com vontade de a provar e nos deem alguma pista sobre a forma de a obter. Esta informação é útil, mas não basta. Só quando experienciamos a fruta na nossa boca é que sabemos realmente o que é uma laranja. E nunca seremos capazes de explicar o sabor de uma laranja, exceto em termos muito latos, com recurso a metáforas, imagens, poesia, música… O mesmo se aplica à experiência da alma.” – p.266

“Na nossa sociedade, falamos de mais. Comunicar é excelente, mas, na maior parte das vezes, as nossas palavras, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, servem para tudo menos comunicar. Têm um objetivo bem diferente: descarga emocional sobre os outros, expressão descontrolada de energia psíquica, invasão de espaço alheio, autopromoção, isto para não falarmos de todos os mecanismos de sedução, manipulação e domínio do ego baseados nas palavras. Os Mestres da sabedoria sempre enfatizaram o poder do silêncio e de uma linguagem precisa. Cultivar a consciência das palavras que dizemos e usá-las com cuidado é uma forma de experienciar o silêncio. É uma boa prática de controlo emocional.” – p.286

Autocontrolo – Augusto Cury

Uma prenda de aniversário!… Partilho convosco alguns excertos que, espero, vos convidem à leitura integral. Aproveitem.

“Nunca se esqueça de que uma pessoa equilibrada tem mais capacidade de contribuir para formar mentes maduras. Uma pessoa bem resolvida e descontraída tem mais possibilidades de fazer os outros felizes e saudáveis. Por outro lado, uma pessoa ansiosa tem mais hipóteses de deixar agitados todos os que a rodeiam. Uma pessoa emocionalmente stressada tem mais hipóteses de stressar quem ama. Os educadores que não sabem lidar com a frustração adoecem a sua escola; os pais agitados contaminam a sua família; os líderes impacientes asfixiam a sustentabilidade da sua empresa; os jovens irritadiços sabotam o seu futuro ao querer tudo rápido e pronto.” – p.11

“Não somos capazes de ter uma torneira a pingar, ficamos incomodados com paredes rachadas; se o nosso carro faz um simples barulho, rapidamente arranjamos tempo para o levar ao mecânico. Somos ótimos a reparar em defeitos externos, porém lentos e irresponsáveis quando se trata de reparar em defeitos internos, nos meandros da nossa mente. Não percebemos os gritos dramáticos que são sintomas psicossomáticos de uma mente stressada. Tardamos a mapear-nos.” – p.16

“Não é necessário que tenhamos vivenciado traumas na infância para desenvolver conflitos quando adultos. O próprio estilo de vida moderno é altamente ansioso e stressante.” – p.22

“Quem exige demasiado de si sabota a sua tranquilidade, nutre o seu stresse. Quem exige muito de si eleva, sem perceber, os seus níveis de exigência para ser feliz, realizado, relaxado. Raramente está satisfeito, alegre, descontraído. Pessoas assim são como pugilistas que acabaram de ficar KO num ringue e, em vez de interromperem a luta e de se pouparem, levantam-se e continuam a ser espancados. É estranho e perturbador para mim constatar que profissionais notáveis estejam, entre os que mais sabotam a sua saúde psíquica e o seu prazer de viver.” – p.34

“«Ter o mínimo autocontrolo sobre a emoção é fundamental para darmos o melhor de nós nos focos de tensão.»” – p.42

“Muitas pessoas têm diversos motivos para serem livres, porém as preocupações e ideias ansiosas encarceram-nas na masmorra da infelicidade, da instabilidade emocional e do mau humor.” – p.46

“Quem age como se a memória fosse uma biblioteca ilimitada de informações, ou seja, quem não seleciona os dados profissionais e existenciais, é um predador da própria mente.” – p.49

“As mentes stressadas comprometem o pensamento estratégico – a sua meta é reagir, e não pensar de forma crítica; são precipitadas, agem instintivamente, tornam-se especialistas em magoar os filhos, o parceiro, os amigos, embora possam, no momento seguinte, mutilar-se com o sentimento de culpa; são imediatistas, querem tudo rápido e pronto – a impulsividade é a sua marca; quando pressionadas ou feridas, não sabem fazer a oração dos sábios, o silêncio proativo; algumas pessoas não levam desaforos para casa e, com isso, creem que estão a ser honestas com a própria consciência. A mínima deceção ou frustração detona a sua capacidade ansiosa de responder, porém não sabem que, no fundo, a sua honestidade é sinal de total descontrolo. Tais pessoas são especialistas em magoar quem amam.” – p.59

“E quais os sintomas do envelhecimento emocional precoce? Reclamar muito; tudo de forma rápida e pronta; precisar de muitos estímulos para obter migalhas de prazer; ter baixa capacidade de lidar com a frustração, e viver na sombra e na dependência dos outros.” – p.63

“Se os adultos são stressados, imagine as crianças e os adolescentes, bombardeados diariamente nesta sociedade consumista. Eu encorajo pais e diretores de escolas a entrar numa sala de aula com alunos entre os 11 e os 12 anos, e a perguntar-lhes sobre os sintomas da SPA que porventura sintam. Peça que levantem a mão aqueles que sentem fadiga ao despertar, cefaleias, défice de memória ou esquecimento, que sofrem por antecipação, que acordam de madrugada, que se sentem sempre agitados e ansiosos.

Irá às lágrimas com o resultado deste pequeno inquérito informal.” – p.65

“Se não tem metas, qualquer lugar é um porto, incluindo o abismo, como aprendi anos depois.” – p.74

“A melhor forma de deixar de ser o piloto da sua mente e assassinar o seu sonho é gravitar na órbita dos outros. Ofensas, perdas, frustrações, rejeições, autopunição e traições que vivemos nas nossas escaladas destroem a nossa ousadia e a nossa capacidade, fazendo-nos cair. O que é que o faz sofrer acidentes emocionais ou o desvia dos seus objetivos?” – p.80

“O consumo de drogas é uma das mais importantes causas sepultadoras dos sonhos da juventude mundial. A heroína, a cocaína e o crack formam no indivíduo janelas killer fortemente aprisionadoras. O tetraidrocanabinol, substância psicoativa da canábis, demora mais tempo para instalar a dependência, porém o grande problema está no facto de a canábis afetar a cognição, a memória e a motivação.” – p.106

“Não é só na rua que estão os mendigos, abandonados; há também milhões de mendigos no território da emoção, que habitam belos apartamentos e casas confortáveis, vestem roupa de marca, mas são intensamente stressados, deprimidos, fragmentados, e ninguém os acolhe ou abraça.” – p.108

“Um indivíduo não adoece apenas por atravessar os vales dos traumas, das privações e das perdas, mas também por ser um gestor ineficiente da sua mente.” – p.112

“Infelizmente, na nossa sociedade, o EU é treinado para ficar calado no único lugar em que não se deveria silenciar; é adestrado para ser submisso no único lugar em que não poderia ser um servo; é aprisionado no único ambiente em que está destinado a ser livre. Quando não se gere a mente, os invernos e as primaveras emocionais ocorrem no mesmo dia; o céu da tranquilidade e o inferno da ansiedade flutuam intensa e descontroladamente.” – p.112

“Muitos querem ter o perfume das flores, porém poucos sujam as mãos para as cultivar.” – p.117

“Quando o leitor aprende a proteger a emoção e a filtrar estímulos stressantes, está a ser um génio da saúde emocional. Quando aprende a gerir os seus pensamentos, a desacelerar a sua mente e a contemplar o que o dinheiro não pode comprar, está a ser um génio da administração do stresse e da qualidade de vida. Quando pensa antes de reagir e se põe no lugar dos outros, está a ser um génio do desenvolvimento das relações sociais. Quando se posiciona como um eterno aprendiz, um pequeno caminhante que anda no traçado do tempo em busca de si próprio, torna-se um génio da criatividade e do autoconhecimento.” – p.134-135

“Na matemática numérica, dividir é diminuir; na matemática da resiliência, dividir é aumentar: quando se dividem determinados conflitos com os pais e os professores, aumenta-se a capacidade de superação. Na física clássica, uma ação gera uma reação; na física da emoção, não devemos agir pelo mecanismo ação-reação, bateu-levou, pois a agressão retroalimenta a violência. Pelo contrário, devemos treinar-nos para pensar antes de agir e compreender que, por trás de uma pessoa que fere, há uma pessoa ferida. Esta habilidade filtra estímulos stressantes e promove a generosidade.” – p.142

“Ninguém é digno da tranquilidade se não mapear os vampiros emocionais (fobias, ciúmes, vingança, ansiedade, humor depressivo, impulsividade, autopunição, etc).” – p.145

“Quem quer o brilho do sol tem de cultivar habilidades para superar as tempestades.” – p.160

Mindfulness – Atenção Plena – Mark Williams e Danny Penman

“(…) Às vezes há algo que nos chama a atenção e nos faz sorrir – é um amigo que nos liga e nos anima ou ficamos a ver um filme e vamos para a cama cedo com uma chávena de chocolate quente. Virtualmente, de cada vez que somos bafejados pelos ventos nefastos da vida, há algo que surge para nos repor o equilíbrio. Mas nem sempre é assim. Por vezes, o peso da nossa própria história intervém, fazendo aumentar uma onda emocional porque as nossas memórias podem ter um impacto poderoso nos pensamentos, sentimentos, impulsos e, em última análise, também sobre o nosso corpo.” – p.30

“(…) Mas a tensão, a infelicidade ou a exaustão não são “problemas” que possam ser resolvidos. São emoções. Refletem estados de espírito e físicos. E, como tal, não podem ser resolvidas – apenas sentidas.” – p.34

«Um viajante que estava numa pequena ilha grega observou, certa vez, a forma como um rapazinho tentava convencer o burro da família a andar. O rapaz tinha legumes para entregar e tinha enchido cuidadosamente os cestos do animal. Mas o burro não estava na disposição de se mexer. O rapaz ficou cada vez mais impaciente e começou a levantar a voz ao burro, pondo-se de pé em frente dele a puxar a corda com força. O burro fincou os cascos firmemente no chão. Muito firmemente.

Este braço de ferro com o burro teria durado muito mais, se não fosse o avô do rapaz. Ao ouvir aquele alvoroço, saiu de casa e apercebeu-se da cena familiar com um olhar – a batalha desigual entre um burro e um humano. Delicadamente, tirou a corda ao neto. Sorrindo, disse-lhe: “Quando ele está com esta mania, tenta desta forma: deixa a corda meio solta na tua mão assim, depois fica muito perto dele ao seu lado, e olha para o caminho na direção que queres seguir. Depois espera”. – p.109

“E a razão é simples: o objetivo da meditação não é controlar a mente, nem limpá-la. Estes são dois felizes resultados decorrentes da meditação e não o seu objetivo.” – p.123

“John ia a caminho da escola.
Estava preocupado com a aula de matemática.
Não tinha a certeza de conseguir controlar a turma novamente.
Não fazia parte das funções de um contínuo.

Em que é que reparou quando leu estas frases? A maior parte das pessoas considera que atualizou repetidamente a sua visão da cena no seu olhar mental. Em primeiro lugar, veem um rapazinho a caminho da escola e preocupado com as suas aulas de matemática. Depois as pessoas foram forçadas a atualizar a cena, à medida que o rapazinho se transforma num professor, antes de finalmente se metamorfosear em contínuo.
Este exemplo ilustra como a mente está continuamente a trabalhar “atrás do palco” parra construir uma imagem do mundo da melhor maneira possível.” – p.129

“Tomar consciência de que estes pensamentos são sintomas de stress e de exaustão, em vez de factos, permite-lhe afastar-se deles. E isto concede-lhe o espaço necessário para decidir levá-los a sério ou não.” – p.133-134

“Claro que sentirmos os pensamentos e sentimentos a virar-se contra nós é uma coisa; impedir que ganhem uma dinâmica imparável é outra.” – p.134

“(…) Procure evitar a tentação de usar esta pausa como uma interrupção ou como uma forma de “resolver” um problema. As pausas para respirar, por si, não solucionam nada a curto prazo. Mas podem dar-lhe a perspetiva de como agir mais habilmente.” – p.149

“(…) nós raramente sentimos tensão ou tristeza por si só – a raiva, a irritabilidade, a amargura, o ciúme e o ódio podem estar-lhes associados num nó de dor desconfortável e dilacerante. Estes sentimentos podem ser dirigidos para os outros, mas, muito frequentemente, o alvo somos nós próprios, mesmo que não tenhamos consciência disso. Durante a vida, estas constelações emocionais podem tornar-se cada vez mais ligadas aos pensamentos, sentimentos, sensações físicas e até ao comportamento. É assim que o passado pode ter um efeito constante no presente. Se tropeçarmos numa mudança emocional, as outras podem seguir-se-lhe (e o mesmo se aplica a sensações físicas, como uma dor). Tudo isto pode desencadear padrões habituais de pensamento, de comportamento e de sentimento que sabemos serem contraproducentes, mas de alguma forma não conseguimos pará-los. E podem criar entre si uma grande rede que irá apanhar a mais leve turbulência emocional e dar-lhe voltas até a converter numa tempestade.” – p.332

Boas vibrações, boa vida – Vex King

“O verdadeiro amor-próprio pode apresentar-se em tudo o que adiciona valor à sua vida, desde a sua alimentação aos seus rituais espirituais, ou à forma como interage nos seus relacionamentos pessoais. E, claro, um aspeto importante do amor-próprio é a aceitação: estar satisfeito com quem é e como é. Como resultado disto, o amor-próprio dá poder e liberta.” – p.20

No livro The Vibrational Unverse, o autor espiritual Kenneth James Michael MacLean escreve que os nossos cinco sentidos, os nossos pensamentos, a matéria e a energia, são todos vibracionais. Ele defende que a realidade é a perceção definida pela interpretação vibracional. O nosso Universo é obviamente um mar profundo de frequências vibratórias, o que significa que a realidade é um éter vibratório que reage às alterações de vibração.” – p.38

“Lá por serem a sua família, isso não significa que tenham as melhores intenções em relação a si. A muitos de nós foi ensinado que não há nada mais importante que a família. Mas as relações biológicas nem sempre representam relacionamentos próximos e de apoio. Os amigos podem ser mais como família do que a própria família. Não deveríamos esconder o facto de, por vezes, os membros da nossa família serem as pessoas mais tóxicas da nossa vida.” – p.113

“Mesmo quando somos muitos pequenos, é geralmente a falta de compreensão e de compaixão que cria ódio para com os outros.” – p.125

«Alguém alguma vez lhe colocou a pergunta, “Se lhe pedisse para enumerar todas as coisas que ama, quanto tempo demoraria a referir-se a si mesmo?”» – p.143

“Procurar a inspiração nos outros está bem, mas há uma diferença entre inspiração e inveja.” – p.155

“O pensamento positivo cria uma possibilidade, enquanto que o pensamento limitativo elimina as hipóteses.” – p.165

“Alguém disse uma vez que o tigre não perde o sono por causa da opinião da carneirada. O tigre não se deixa influenciar pelas críticas de animais cujo comportamento é ditado pelo condicionamento social. O carneiro está constantemente à procura de validação, muda de direção e perde a sua própria identidade, por isso, continua perdido e desafortunado.” – p.165

“A mente consciente pensa e o subconsciente absorve. A sua mente consciente é o seu jardim, e o seu subconsciente é como um solo profundo e fértil. Tanto podem ser plantadas neste solo sementes de sucesso como de fracasso sem qualquer discernimento. A sua mente consciente desempenha o papel de jardineiro, escolhendo quais as sementes a plantar no solo.” – p.185

“Esperar que haja mudança quando não muda nada por si, é como fazer um bolo de chocolate e framboesa sempre da mesma maneira, todos os dias, e esperar que se transforme em bolo de chocolate e morangos. Se não adicionar morangos ao bolo em vez de framboesas, então, ele não vai mudar! Parece um bocado parvo e óbvio, certo? Mas há imensa gente que vive à espera da mudança fazendo a mesma coisa todos os dias. Alimentam a energia positiva através de pensamentos, palavras e emoções, mas não agem.” – p.224

“Por vezes temos de olhar para trás, para os acontecimentos da nossa vida, e começar a interligar os pontos. É provável que tenha havido uma razão para cada ocorrência. Se olharmos com atenção, as coisas podem começar a fazer sentido. Se fizerem, podemos ter a certeza de que todos os acontecimentos futuros, quer nos tragam dor ou prazer, têm um propósito. “ – p.260

“A ganância funciona sob a base de que existe um abastecimento limitado de algo em particular e que a pessoa quer a maioria, o que por consequência será às custas do bem-estar de outra pessoa.” – p.275

“Para manter a felicidade, é preciso trabalhar em função do autodomínio. É uma viagem interna que exige substancial crescimento espiritual. Escolher pensamentos que lhe dão poder em vez dos que o limitam tem de se tornar a sua forma natural de pensar. Terá de criar o hábito de olhar para o lado positivo das coisas e de esquecer o passado; deixar de viver no futuro e apreciar onde está e aquilo que tem agora; de parar de fazer comparações e amar tudo neste mundo sem condições. Aceite o que é. Seja feliz.” – p.279

De Coração para Coração – Patrick McDonnell

“À residência de Dalai Lama em Dharamsala, na Índia, chega um visitante especial. Sua Santidade interrompe a meditação matinal para cumprimentar um transtornado Panda Gigante, que viajara muitos quilómetros para este encontro. Recebendo-o como um amigo, Sua Santidade convida-o para um passeio na floresta e fala-lhe da importância da bondade e da compaixão para com a Natureza pois dela depende a nossa sobrevivência.”

– in contracapa “De Coração para Coração” – Uma conversa de amor e esperança sobre o nosso precioso planeta – Sua Santidade o Dalai Lama, por Patrick McDonnell

Ser humano – Manual de instruções – Ruby Wax

“Conseguimos lidar com o perigo, mas, perante a inveja ou a comparação, somos indefesos.” – p.26

“O astrónomo Fred Hoyle escreveu: «Imaginar que um ser humano pudesse surgir por acaso no Universo é como tentar imaginar um furação a atravessar um ferro-velho e criar um 747.»” – p.26

“Dificultamos a nossa vida por coisas que não estão sob o nosso controlo.” – p.27

“Não pretendo ser uma desmancha-prazeres acerca do êxito da espécie humana, porém, em termo de contrapartidas, as coisas estão equilibradas. Atualmente, há mais pessoas a morrerem por comer demasiado do que de fome. Em 2010, a desnutrição e a fome mataram cerca de um milhão de pessoas, mas a obesidade matou quase três milhões. Vão morrer mais pessoas devido a excesso de sal na dieta do que em qualquer conflito contemporâneo. Há mais pessoas a cometerem suicídio do que mortas às mãos de soldados, terroristas e criminosos juntos. Somos atualmente a nossa maior ameaça. Ainda não entendemos o facto de que nunca haverá um fim para o desejo de ter mais coisas, pois, independentemente de quanto adquiramos, iremos sempre perdê-las ou enferrujarão e desintegrar-se-ão, tal como todos nós um dia. Esquecemo-nos de que somos todos biodegradáveis. Querer mais é o que nos está a deixar doentes.” – p.37

“Em 2014, durante uma pesquisa foi pedido a um grupo de alunos que se sentassem em silêncio e refletissem durante 10 a 20 minutos. Foral ligado a uma máquina que administrava choques elétricos fracos e instruídos a carregar no botão e receber um choque se e quando se sentissem entediados. Um dos indivíduos fê-lo 120 vezes ao longo de 20 minutos. Cerca de dois terços dos homens e um terço das mulheres carregaram no botão pelo menos uma vez. Acharam a experiência de estarem sentados e em silêncio tão desagradável, que preferiram um choque para interromper a angústia de não fazer mais nada do que pensar. A experiência demonstra quão facilmente cedemos a qualquer distração, por mais perturbadora que seja. Impede-nos de enfrentar qualquer um dos nossos pensamentos ou sentimentos. Provavelmente é por isso que muitos de nós escolhem fazer cosias extremamente desafiante, somente para manter a mente ocupada, como comprar e montar um móvel do IKEA. Milhares de livros dizem-nos como ter uma vida mais pacífica e tranquila, mas na sua verdade poucas são as pessoas que querem ter uma vida assim.” – p.39

“Não pretendo referir nomes, mas até Platão teve um palpite sobre este assunto. Ele sabia que não podemos confiar nos nossos sentidos e que o que vemos é idêntico a uma sombra na parede ao fundo de uma caverna. Concordo em absoluto com ele ainda que exista uma ligeira diferença.”  – p.45

“O biólogo Lewis Wolpert escreveu: «Os pensamentos são para a depressão o que um tumor é para o cancro.» Todavia, enquanto estou presa na escuridão, esses pensamentos perversos parecem muito mais reais e justificados, motivo pelo qual é tão difícil sentir compaixão por mim própria, já para não falar em sentir compaixão por outra pessoa qualquer.” –  p.91

“A mãe precisa de ensinar o filho a acalmar-se, mas somente consegue fazê-lo se for capaz de se acalmar a si própria, caso contrário, serão duas pessoas a afogar-se.” – p.96

“Monge: O apego tem por base frequentemente a necessidade. O problema é que, quanto mais nos agarramos, mais nos sentimentos insuficientes. É curioso quando as pessoas dizem: «Tu completas-me.» Não estás completa? Se precisas de alguém para te completar, significa que te dás menos crédito do que tens, pelo que sentirás sempre que falta algo. Todavia, quando as pessoas conseguem partilhar a felicidade, a história é outra, então, pode funcionar. Na verdade, não existe isso de um relacionamento perfeito. O que está ao nosso alcance é tomar a decisão de investir nele. Um relacionamento não é uma «coisa», é algo que «fazemos».” – p.124

“As muitas igrejas também competiam por toda a ostentação passível de ser compactada num metro quadrado. Não conseguia parar de pensar que, se Jesus morreu pelos nossos pecados, não deveria ter-se incomodado. Éramos e ainda somos pecadores, e uma das evidências do quão somos pecadores é o nosso hábito de encher as igrejas com mais riqueza do que seria preciso para alimentar o mundo três vezes. Não conseguia parar de pensar no discurso que Hamlet faz na com o mesmo nome. (Adoro esse discurso).” –  p.261

“Se conseguir deixar de pensar incessantemente sobre o quê, como e porquê das coisas correram mal e de quem é a culpa, então perdoou. E, se perdoou, está livre.” – 274

Voar depois de cair – Isabel Baía Marques

Perdoa e vai-te embora!

A coisa mais fácil é julgar.

A coisa mais difícil é prestar

real atenção:

Às feridas do outro nas mãos

Ao desgaste das solas

nos seus sapatos

Às pedrinhas dentro deles

Às facas nas costas

que ainda lá estão

E a uma mochila pesada

que teima em não sair.

Não julgues!

Se não é para ti:

perdoa e vai-te embora.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.20


Flui

O obstáculo redireciona-te

para o caminho certo.

Não o interpretes mal.

Ele existe para o enfrentares.

Encara-o.

E depois de o encarares.

Contorna-o.

Ele existe para o contornares.

E girares numa nova direção.

Porque se existe obstáculo.

O caminho pelo qual estavas a ir

não é o mais certo.

Contorna, gira, segue

na direção de um caminho alternativo.

É essa a direção!

Nada existe para te fazer mal.

Tudo está alinhado para o teu bem

Não forces!

Flui.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.25


Não é falta de tempo.

É o interesse.

Não é forte o suficiente.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.30


Tu mudas. Tudo muda

Tudo muda

quando tu mudas.

Mesmo que tudo lá fora

continue o mesmo.

Assim que tu mudas

o mesmo deixará de ser

o mesmo.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.53


Não vês que és um girassol?

Porque voltas

para os lugares

que te adoecem?

Que te ferem?

Que te maltratam?

Que não te valorizam?

Que não te veem,

nem tão-pouco te sentem?

Volta-te para o sol.

Não vês que és um girassol?

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.53


Gostas de uma pessoa, ou de uma ideia?

Se a pessoa não fez

nada daquilo que tu esperavas.

A culpa é da tua expetativa.

E tu vives um relacionamento

com a tua ideia.

Gostas dessa pessoa, ou da tua

ideia sobre ela?

Porque esperas que ela seja

aquilo que tu queres?

Não gostas de quem ela é?

Não esperes nada de ninguém.

Muito menos esperes de alguém

aquilo que tu farias.

Porque essa pessoa não és tu.

E não sendo tu e não sendo

a tua expetativa nem a tua ideia:

como ela é, exatamente como ela é,

tu gostas?

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.59


O amor volta a tocar à porta!

Nos dias de hoje

estamos 30 dias sozinhos

e já estamos doentes

de uma carência extrema

de companhia, de um bom dia,

de sexo e de sei lá mais o quê.

30 dias.

Às vezes tão menos do que

30 dias!

Às vezes tão menos!

Meu Deus!

Já olhaste para o tamanho

do teu vazio?

Por favor,

para só um bocadinho

para olhar.

Achas mesmo que não te consegues

suportar em 30 dias?

Como alguém te vai suportar

uma vida? Uma vida! Como?

Se nem tu mesma consegues estar

na tua própria companhia.

Esquece a companhia externa!

Olha para a interna! Conhece a interna!

A tua!

Deixa lá as mensagens de bom dia.

Olha-te ao espelho!

Agrada-te!

Mete o sexo no bolso por um tempo.

E começa uma relação de amor contigo!

Ah, sim! Quando fizeres

tudo isto…

O amor volta a tocar-te à porta.

Estás pronta?

O amor não está lá.

O amor esta cá.

Cá dentro.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.73


O tempo não cura!

Todas as feridas,

para deixarem

de ser feridas,

têm de ser cicatrizadas.

Fugir não vale!

Fugir à cura

é fugir à tua paz interior.

Não corras com uma perna coxa.

Cura-te e depois corre.

Curada, alcançarás

além do horizonte.

Se ainda

não esqueceste.

Então não curaste.

Então não cicatrizaste.

Não fujas à cura.

O tempo por si só

não cura

nada!

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.96


Tudo serve para te ensinar!

Até que aprendas.

Tudo fica.

Tudo volta.

Tudo continua.

Nada sai da tua vida.

ATÉ QUE APRENDAS.

Se queres que o ciclo pare.

Se queres que a dor cesse.

se queres que o padrão se vá.

Observa o que o ciclo, o que a dor

ou o que o padrão

têm para te ensinar!

ESCUTA-OS!

Onde podias ser diferente?

Onde podias ser melhor?

Tu sabes!

Mas, olha, faz!

Só saber não conta!

Faz diferente.

E assim que fizeres.

Mostrarás ao Universo que aprendeste.

E nunca mais te será enviado o mesmo

ciclo, a mesma dor, o mesmo padrão.

TUDO ESTÁ AI

PARA TE ENSINAR.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.98


Quando quiseres

mudar alguém

Pensa no quão

difícil

é mudares-te

a ti mesma.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.104


Duas peças iguais nunca fizeram um puzzle

Porque queres atrair

alguém como tu?

Cargas iguais não dão luz.

Tu não queres alguém como tu.

Porque se alguém como tu for exatamente

como tu,

tu serás provavelmente para esse

alguém como são para ti.

Lembras-te quantas pessoas tens

ou já tiveste atrás de ti e não quiseste?

Não quiseste porquê?

Porque são tão doces como tu?

Porque se importam como tu?

Pois é.

Mas são justamente essas

que não queres.

Então porque pedes aos quatro

ventos alguém como tu?

A vida é equilíbrio.

Para tu seres quem és.

Tu atrairás alguém oposto a ti.

Só existe fogo se houver

fricção.

Duas peças iguais nunca fizeram um puzzle.

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.110


Só vemos o que queremos ver

Tudo o vemos somos nós.

A nossa realidade somos nós.

Vemos o mundo não como ele é,

mas como nós somos.

A forma como vemos tudo e todos

é uma interpretação nossa.

Então aquilo que tu estás a ver ou a

sentir neste exato momento não é

nada nem ninguém senão tu mesma.

Quando vemos algo em alguém, mesmo que

99 por cento dos sinais estejam contra aquilo que

queremos ver, basta haver 1 por cento a favor

para tomarmos aquilo como verdade.

Alguém de quem nós gostamos e que queremos

que goste de nós pode tratar-nos mal

várias vezes, não nos colocar como prioridade,

não ter frequentemente atitudes de cuidado

ou proteção, mas basta que a pessoa diga

que gosta de nós, basta um momento de

carinho no meio de milhões em que não

houve, para acharmos que sim, que realmente

gosta de nós. Porque queremos, na verdade,

que tudo seja como desejamos. E iludimo-nos.

Somos nós que nos iludimos. Vemos o que

queremos ver.

Então eu proponho-te o seguinte exercício:

Em vez de estares focada nas coisas que

vão a favor do que queres, troca o foco.

Começa a estar atenta aos sinais que vão

contra o que tu queres.

PREPARA-TE PARA A LUZ QUE VAI

ENTRAR DENTRO DE TI!

Alarga a tua perspetiva!

Só vemos o que queremos ver.

Decide querer ver tudo!

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.187


Era da chuva que precisavas

Não era a chuva que tu querias.

Mas era da chuva que precisavas.

Agradece cada pingo de chuva!

Porque cada pingo vai limpar-te.

VAI MUDAR-TE, TRANSFORMAR-TE.

Vai colocar-te mais próxima

daquilo que tu queres.

E depois da chuva vem o sol.

TU SABES, SEMPRE VEM.

Então talvez tu precises

agora de bastante chuva

para que fiques crescida

e bonita quando vier o sol.

E é aí, quando estiveres

crescida e bonita (ainda

mais bonita), que…

sem estares

à espera uma borboleta

pousará em ti!

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.191


Para os dias menos bons

Nos dias

que não são bons

senta-te

num jardim.

Fecha os olhos.

Escuta os pássaros.

Nos dias

que não são bons

senta-te

à beira-mar.

Fecha os olhos.

Escuta as ondas.

Nos dias

que não são bons.

Diz-te uma coisa

bonita.

Uma tão bonita quanto tu!

Porque tu és tão, tão bonita!

AINDA NÃO TINHAS

REPARADO?

Nos dias menos bons

não penses.

Sente!

Não olhes.

REPARA!

in “Voar depois de cair”, de Isabel Baía Marques, p.192

Lourenço é nome de jogral – Fernanda Botelho

Dantes havia… tempo. Depois passaram a existir horas vagas. Uma vez escrevi, num separador “Minutos Vagos”, tal não é a forma como vem sido gerido, e ocupado, o tempo ao longo dos anos. “Lourenço é nome de jogral”, de Fernanda Botelho, foi escrito há 50 anos, quando havia tempo e não havia internet. Seria, por certo, muitíssimo culta. Foi antes do 25 de abril e era preciso muita arte, subtileza e competência para conseguir criticar, denunciar instituições como… o casamento. O personagem “Lourenço vive com a mulher apenas para manter as aparências, enquanto tem um caso com Matilde, feminista divorciada, e com a namorada de seu filho, de dezassete anos, Maria da Luz. Esta, por sua vez, permite que Lourenço a use para satisfazer as suas fantasias sexuais, quando concorda em participar num relacionamento com Matilde, para agradá-lo. Firmino, amigo de Lourenço, também é divorciado.” Mas… a leitura não é assim tão linear e fácil como parece, muito pelo contrário! No prefácio pode ler-se: «Avesso à “ortodoxia do comércio conjugal” e à “coabitação institucional”, o protagonista vacila entre a repulsa do casamento burguês e a regulamentação doméstica do desejo e o niilismo diletante, de que a sua volubilidade erótica é um expressivo sintoma (…)», são 13 páginas de prefácio! Saltei-o! Gostei da arquitetura: um personagem, o Luís, um capítulo para perceber de que é que estava a falar o personagem; outra personagem, a Matilde, outro capítulo para perceber de que é que estava a falar a personagem; outro personagem, o Firmino, outro capítulo… e assim sucessivamente até aquilo tudo fazer sentido.

Uma leitura muito difícil.

“Bebo à tua memória, também aqui isolada, e também sem saber como. O dr. Marcos entrou, pôs o cálice à minha frente, encheu-o e disse: «A Corina Paula, antes de partir, pediu-me que lhe trouxesse um revigorante.» Assim mesmo: um revigorante. Fiquei sensibilizadíssima com o bom pensamento de Corina: nunca se esquece de que os meus poemas são filhos de musa alcoólica.” – in p.45

“Sabedoria ou lirismo? Relacionar a liberdade irrecusável de Jayaprakash Narayan com o aforismo «Liberdade é uma forma de domínio»» (Mercuse).

Até que ponto seremos livres, quando como tal nos reputamos? To be or not to be?

A Liberdade recusável – em nome da Liberdade.

A violência a e liberdade. (De Victor Hugo: Há pessoas que querem bem à liberdade, à lei igual para todos, de toda a França actual; mas não querem a Revolução. Ora reflecti: se quiseres o bronze, aceitai a fornalha.)

A economia e a liberdade.

A violência e a economia.

Onde o espaço para a liberdade? Citar Ghandi: Na nova sociedade, composta de inumeráveis aldeias, haverá círculos que progressivamente se alargarão, nunca se elevando. A vida não será uma pirâmide com o cume sustido pela base. A vida será um «círculo oceânico», cujo centro, o indivíduo, sempre estará pronto a morrer pela aldeia, a própria aldeia pronta a sacrificar-se pelo círculo de aldeias, e finalmente, o mundo inteiro será UMA vida reunindo os indivíduos, os quais já não terão nem agressividade, nem arrogância; compartilharão, humildes, a majestade deste «círculo oceânico», de que serão parte integrante.

Sarvodaya – o socialismo do povo. Projeto viável? (Factores económicos a considerar.) Crença na viabilidade deste projecto – crença portanto, na perfectabilidade do homem. Ou não?” – in pags.126-127 – repito: não havia internet, ainda não se tinha dado o 25 de abril, vivia-se a remanescência dos tempos de ditadura.

“- Não é livre de fazer o que lhe apetece, se lhe apetece realmente?

– Sou igualmente livre de não fazer aquilo que me apetece.

– Tem sorte. Embora eu não aprecie paradoxos comos esses, compreendo o que pretende dizer. E acho que tem sorte.

– Estás ressentida?

– Só um bocadinho. O meu fígado tem tendências burguesas. Acha que devo rejeitá-lo?

– De maneira nenhuma. Enquanto for minoritário…” – in p.174

Lembram-se da expressão: “Até se me revoltam os fígados!”?