Minutos vagos

Dantes haviam horas vagas,

agora não.

pickpocketMarketing é um curso superior

Embuste, fraude, burla ou outra palavra qualquer parecida, cingem-se apenas a essa significância: são palavras parecidas, vazias de conteúdo. O que me preocupa efectivamente é o culto do coitadinho, é: “então o que é que se há-de fazer? As coisas são assim!” e outros que tais. Tornamo-nos conformistas, sabemos que isto está mau mas conseguimos contornar a coisa. Somos roubados a torto e a direito e ainda agradecemos a Deus pela sorte que temos. A nossa mudança tem de ser de fundo, radical. Não, as nossas velhas ideias não prestam, levaram-nos onde nos tem levado, se continuarmos a fazer como temos feito, vamos continuar a obter os resultados que temos obtido. Não é acção ir gritar e ralhar para o meio da rua, isso é verbo de encher, é fazer! Sim, fazer as coisas, sermos nós a fazer! Em vez de estar à espera que ralhando as mudanças apareçam feitas. Fui comprar um computador portátil. Portátil! É uma coisa que se pode levar de um lado para o outro. Então é assim: garantia de dois anos para o computador, de seis meses para a bateria e pagável (em suaves mensalidades) durante três. Se já é ridículo o suficiente um computador portátil funcionar desde que ligado à corrente – os gajos das obras chegam a ter cabos de cinquenta metros para ligar à electricidade, parece-me uma boa opção extra para juntar a um computador portátil – então quando o ligamos efetivamente apercebemo-nos da diferença que os profs de TIC se fartam de explicar, entre software e hardware (sim, os efetivamentes estão escritos de forma diferente). Das duas uma: ou compramos o software que lá vem dentro da máquina, para que ela funcione, ou cingimo-nos a uma versão experimental durante sessenta dias. Claro que nada disto é explicado durante a compra, muito menos publicitado, portanto (o tal que é conclusivo) podemos concluir que quem estudou marketing sabe o que está fazer.

saqueBem-vindos a Portugal

Portanto, e portanto é conclusivo, logo podemos começar por concluir que, quando se chega a Portugal, quem chega a Portugal é imediatamente avisado da actual conjectura, do que se passa, da situação, enfim… ou por fim, não poderá dizer que desconhecia, ou que não sabia, ou outra inocência qualquer. Aliás, o acordo ortográfico veio para deixar as coisas mais claras a nível internacional, para que todos possamos perceber muito bem como é que é, para que não fiquem dúvidas, para que nos entendamos. Os que não falam português, paciência, deviam ter-se munido dessa ferramenta antes de cá chegarem, mas também não há grande problema, esses não pagam impostos.

significado de saque

Sim, estou de volta, já tenho um computador novo (agora só falta pagá-lo).

Vista lisboaRua Garrett parecer quem não se é

Já não me lembro do texto que queria escrever. Como sei que corro esse risco – de me esquecer das coisas – tomo nota, aponto, escrevo, mas como já lá vai tanto tempo, nem me lembro da mensagem que gostaria de passar, (ou da boca que gostaria de mandar) portanto e como os minutos vagos são poucos, aqui seguem em bruto os meus apontamentos:

  • São precisos necessários, no mínimo, 10€ em trocos
  • É preciso trocar uma nota de 10€ para poder dar pelo menos uma moeda a quem pede nesta rua, seja ou ñ artista
  • Cheia de gente. Completa/ cheia. Repleta diria até um espetáculo dos sindicatos dos profs!
  • No shopping olhei para a juventude, só por curiosidade, a ver se reconhecia algum antigo aluno:
    • 2 colegas universitários a partilharem um gelado
    • Um casal de namorados c/ 1 garrafa de água em cima da mesa
    • Um sr. de fato e gravata (camisa aos quadrados e gravata às bolinhas)
    • Muitas mesas vazias… e eu!

A pensar q ñ tem jeito nenhum andar aqui a passear sozinho mas no entanto a motivar-me para ir à manifestação. É q nem sabia à qual? No largo do Camões uma de profs, a descer a rua ali ao pé da carrinha com os CDs de fado, uma de comunistas para apoiar os turcos…

Já sei! Já me lembrei o que é que andava ali a fazer! Fui comprar um conjunto de cordas para a minha guitarra. É que neste país, para encontrar uma loja com qualidade e a preços competitivos, é preciso procurar um bocadinho, e um doutoramento “honoris causa” em distinguir um gato de uma lebre.

Todos juntosAnimais Abandonados, um negócio da china e o Big Brother

É muito fácil dizer que se fica com um cão quando ele é cachorrinho e quando é a mamã a ter o trabalho e as despesas todas. Ainda por cima na televisão fica sempre bem, até parece um gesto nobre, mas não, muito pelo contrário é precipitado e irresponsável. E todos ficam um com dos cachorrinhos. Lindo. Final feliz. Normalmente os cães só são abandonados por volta dos três anos de idade. Após terem concluído a infância, quando finalmente ficam treinados para se comportar como os humanos exigem, é que são abandonados e, agora espera-se que o animal de estimação tenha um comportamento de animal selvagem. Vá se lá entender como é que tal coisa seria possível.

Já que estou a falar de Big Brother – VIP, não, não é VIP, é V.I.P., de very important person, são diferenças culturais que não devem ser assimiladas apenas porque um programa de televisão dita que assim seja, as siglas em inglês soletram-se, eu sei que sou professor e não me pagam para dar aulas gratuitamente na internet, mas sarcasmo e realidade à parte e verdade é que eu acho imensa piada se se pronunciar com sotaque inglês “Vaipe”, dá uma certa sonoridade que em português até tem uma conotação parecida com o que os concorrentes do programa demonstram, são assim uns vaipes que lhes passam pela cabeça, eu bem que me divirto a ver o espetáculo! E já está, já desviei a atenção do que é realmente importante, é muito bonito e sem dúvida louvável um programa com tamanha audiência fale em animais abandonados e das desgraçadas das associações que fazem das tripas coração para poder salvar aquilo que os outros humanos consideram lixo. Agora poderia novamente dissertar sobre isto tudo, fugindo novamente ao fulcral, à base, que é: a mãe dos cachorrinhos.

E vou continuar a desviar o assunto, é que pus-me a pensar nisto e não é que é um negócio da china? (china com letra minúscula porque na minha cabeça continua a não fazer sentido estabelecermos relações comerciais com países que não respeitam os direitos humanos – não é uma questão financeira, nem de alta finança internacional, é uma questão de princípios de gente civilizada). As conversas são como as cerejas e a escrita também. É que quando foi um casal que fez isso, não me apercebi; ao segundo, também não dei por ela, aliás só o apelido de 2º, porque houve um terceiro, que foram eles que me despertaram a atenção para este negócio da china. Então como é que isto funciona? (assim dou-lhes cabo do nicho de mercado) Houve alguém que se aproximou da Associação e se fez voluntário, mas apenas para as coisas fáceis. Depois levou o cônjuge e adotaram um animal “de marca”. O cônjuge só entra na história como a pessoa que permite que o outro adote. Agora vou fazer “copy paste” duas vezes: «Houve (mais) alguém que se aproximou da Associação e se fez voluntário, mas apenas para as coisas fáceis. Depois levou o cônjuge e adotaram um animal “de marca”. O cônjuge só entra na história como a pessoa que permite que o outro adote.» falta a 2ª vez: «Houve (ainda mais) alguém que se aproximou da Associação e se fez voluntário, mas apenas para as coisas fáceis. Depois levou o cônjuge e adotaram um animal “de marca”. O cônjuge só entra na história como a pessoa que permite que o outro adote.» É que o cônjuge, todos os três, fez um favor a um amigo de um colega, que não sabem explicar muito bem quem é porque não é cá da terra e ficou-lhe com um dos cães, coitadinho! Então não é que o cão até é do sexo oposto aquele que eles já tinham feito o grande favor de adotar?! Agora – isto sinceramente parece ficção, uma daquelas aventuras do “Zé Pedro” que em parte beijam a realidade – todos esses três casais tentam vender cachorrinhos “de marca” aos voluntários que colaboram para que cães vadios e abandonados tenham uma vida não miserável. Deviam ver o Big Brother Vaipe! Apareceu lá uma atriz, que tem a cabeça no sítio (e tudo o resto, aliás pode-se constatar pelos cartazes publicitários espalhados nas zonas do país onde há gente) e julgá-la-ei financeiramente forte ou pelo menos confortável, o que me poderá levar a especular que tenha 500€ para comprar um Serra da Estrela original, ou 750€ para um daqueles pequeninos que estão à venda no shopping, mas exemplarmente (digo eu) entrou em cena com duas cadelas rafeirinhas.

private_sectorPPP (Para um Portugal Privado)

Hoje fui até à Baixa. ‘Tá giro! Uma estação de Metro privada, ou pelo menos o nome da estação comprado por uma empresa de telecomunicações. Isto promete! Por sua vez a concorrente comprou o Pavilhão Atlântico. Agora já aparece na televisão diariamente. Isto é bom, privatizarem esta treta toda é uma coisa boa! Assim já se pode responsabilizar alguém por gestão danosa… desvio de fundos, ou roubo, ou desfalque ou lá que sinónimo é que queiram arranjar para peculato (que é uma palavra tão cara que nem os pobres, que a sustentam, a percebem) e, quem prevaricar sempre pode ser despedido, ou seja, alguma coisa acontecerá a alguém que não faça as coisas bem. Ninguém sairá impune por dar cabo da empresa. Estou-me a lembrar de quando assisti, incredulamente mas é verdade, à greve dos privados, pela primeira vez, que eu tenha tido consciência disso, vi os condutores dos expressos fazerem greve. Remédio santo. As horas extras que eles recebiam por fora, de valor quase equivalente ao ordenado, desapareceram, têm que se contentar apenas com o ordenado, como se tal não bastasse, foram recambiados para os circuitos rurais de aldeia em aldeia. A empresa por sua vez aproveitou o momento, a ocasião, a súbita retenção de receita na fonte, para, imagine-se… por à minha disposição mais três horários diários. Eu, uma vez, na verdade foram um para delas, vivi num país, aqui ao lado a um par de milhares de quilómetros de distância, onde os comboios, leia-se toda a linha ferroviária era, e ainda é, privada, só é reconhecida como a mais pontual do mundo! A gente às vezes nem precisava de inventar nada, bastava copiar. Ora se os privados já estão a meter a mão nas estações de metro… imaginem os benefícios que eu vou ter quando o metropolitano for privatizado! Com computadores em vez de maquinistas… De que é que estão à espera? É que aquela gente que lá trabalha ainda não reparou que a crise não acabou das últimas dez vezes que fizeram greve! E como aquela coisa é uma PPP (mas desta vez Parceria Publico Privada) quem paga os estragos é o dinheiro dos impostos! Depois não há para o meu subsídio de férias! P****! (´tá escrito “Porra”) Quando aquilo dá lucro, são os privados que se abotoam com a massa, portanto ainda bem que a privatização está a chegar aos nossos prejuízos. Se isto continuar assim… algum dia deixamos de ter um par de canais de televisão pública que ninguém assiste mas que toda a gente paga, e quem sabe, em vez de pagarem uma fortuna aos pilotos da TAP, quando aquela coisa for privatizada, eles possam dar emprego aos pilotos militares, cuja formação é paga por nós.

Sim claro, falta privatizar os hospitais. Mas apenas para relembrar os mais esquecidos, do preço dos medicamentos quando eram pagos pelo dinheiro dos impostos, e agora.

armar a barracaA família política: uma família portuguesa, com certeza!

Os políticos são o nosso espelho, nem poderia ser de outra forma, porque se assim fosse (de outra forma), nós não nos identificaríamos com eles e, por conseguinte, não votaríamos para que eles nos governassem. Não optaríamos voluntariamente para que aquela gente fosse nossa representante nos assuntos que nos dizem respeito como comunidade. Tal como a comunidade é constituída por famílias, também a família política é disso um espelho, se não vejamos: ora manda um, ora manda outro, tal como num casal, quando é o um a mandar, o outro não concorda com nada e acha que está tudo mal feito; o contrário é igualmente verdade, quando é o outro a mandar, o um não concorda com nada e acha que está tudo mal feito. Independentemente de toda essa novela, a verdade é que eles lá se vão governando. Depois há que atualizar as coisas e nisso a família política volta a ser igual a si própria, que é como quem diz: a nós próprios. De casal, após uns serões bem passados e uns copos bem bebidos (convém salvaguardar isto dos copos que é para poder sacudir a água do capote não vá lá o diabo tecê-las e querer responsabilizar alguém nove meses depois das coisas feitas no ar, ou enterra) rapidamente se evolui para família onde cada um tem os seus filhos, e é perfeitamente comum (embora censurável) que cada um puxe a brasa à sardinhas dos seus. A seguir às sardinhas, vem o caldo verde, que devia ter sido antes, e a broa de milho. Tudo isto para disfarçar mais uma grande bebedeira, trunfo esse já gasto, mas como é malta é pobre em argumentos e desculpas, terá de servir de novo para desculpar os filhos em comum. Há que defender a brasa à sardinha destes também. O engraçado das grandes borracheiras é a ressaca, fica toda a gente arrependida, gostaram da festa, mas em relação a limpar os desarrumos, o último que feche a porta. Porque há sempre aqui um terceiro no meio da família, que é o que menos faz e que mais curte: a amante, ou o amante, que isto agora é tudo tão moderno que o que conta são o número de golos, independentemente da baliza onde eles entrarem. Cá está! Vai-se repetir a história do que o que um faz o outro acha mal. Evidentemente que toda esta festança tem preço e custa caro. Cá está, a família política, tal como as restantes famílias portuguesas, a viverem acima das suas possibilidades.

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