Daily Archives: Setembro 18, 2011

O pássaro espectador – Wallace Stegner

Wallace Stegner em 1976 romanceava, ou desvendava no romance “O pássaro espectador” que: “Ninguém em casa, como de costume. Mrs. Hammond está no negócio da imobiliária, as miúdas estão na escola e o velho Hammond está no Balquistão ou noutro lugar qualquer a treinar tropas para o governo do Iraque, exportando conhecimento americano para ajudar os curdos – os valentes curdos, como lhes chamavam em «Sohrab e Rustum», os curdos que exigem autonomia e governo próprio, como diz Cronkite.” – página 13

As primeiras linhas demonstram o que faz quem entra na idade e são também um bom exemplo do ambiente que o personagem vive: “(…) de quem muito gostávamos, que morreu. O Éden já não é o Éden. Ainda por cima tivemos uma invasão da Land of Nod, que trouxe uma data de jovens executivos firmes em mostrar a sua ascendente mobilidade social, cujas novas subsecções se instalam nos montes e que por vezes assumem atitudes ofensivas para os devotos. Por isso, à medida que as pessoas que conhecíamos do Este vão morrendo, se institucionalizam ou se encaminham para Tucson, Sarasota ou Santa Bárbara, rumo a paragens de veraneio onde possam passar os seus últimos anos, tal como nós fazemos aqui, os nossos contactos locais diminuem também. Então perdemos quase por completo o hábito de conviver com outros seres humanos, e o convívio, suponho eu, é um pouco como o sexo. Se não praticar perde-se o jeito. É o que dizem.” – página 72

Sinopse: “Joe Allston é um agente literário reformado que, como ele próprio diz, se dedica a “matar o tempo até que chegue a altura do tempo me matar a mim.” Os seus pais e o seu filho único morreram há muito tempo, deixando-o sem ascendentes nem descendentes, sem tradição e sem laços. O seu trabalho, negociar o talento de outros, nunca foi uma escolha própria. Ele passa pela vida como espectador. Um postal de um amigo leva Allston a voltar ao diário de uma viagem que ele fizera anos antes, uma visita à terra onde a sua mãe nascera e onde ele procurava uma ligação ao passado. As memórias dessa viagem, simultaneamente grotescas e comoventes, desenrolam-se através de sucessivas camadas de tempo e de significado e revelam-nos que Joe Allston não chega a ser suficientemente espectador.” E está uma engenhoca muito bem escrita: quando quer falar do presente, recorre à actualidade que o casal Allston vive; quando resolve mandar umas bocas à sociedade, recorre ao diário escrito uns anos antes por um dos membros do casal. Senhor de uma grande bagagem cultural, ou não tivesse sido Wallace Stegner professor em três universidades, manda umas bocas que introduzem uma reflexão filosófica ao romance, as citações seguintes são apenas alguns exemplos:

“(…) Por isso cá está outra de Kazantzakis: «Nunca regressem ao sucesso; regressem ao falhanço.»” – página 126

 “(…) O que é que os europeus ganharam com Colombo? A ilusão da liberdade, suponho. Mas será que perderam ou ganharam ao abdicar da provisória segurança de países e culturas em que as regras eram tão conhecidas quanto eram os perigos, para partir em direcção a um continente virgem que não era nem país nem cultura alguma, e que ainda não é, e que poderá nunca vir a ser, e que no entanto nunca desistiu da ilusão perigosa das possibilidades infinitas? O que poderá isso de ter de positivo, se acabamos mergulhados em confusão e falta de objectivos na longínqua costa americana do Pacífico, ou se alguns rastejam de volta de encontro às origens à procura de algo que perdemos e que não sabemos nomear?” – página 145

“(…) Ele só queria dizer que se pudesse haver uma experiência controlada durante várias gerações, uma demonstração suficientemente clara da superioridade do método sobre o acaso, os resultados se veriam. Quando Darwin disse que o homem é uma espécie selvagem, o que ele queria dizer era apenas que – nunca ninguém o domesticou ou criou cientificamente para a qualidade.” – páginas 198, 199

“(…) Lembrei-me de um comentário de Willa Cather, que dizia que não se pode pintar a luz do sol. Só se pode pintar o que ela fazia com sombras numa parede. Se terminarmos uma vida, tal como Sócrates nos anda tão aborrecidamente a recomendar que façamos há tantos séculos, estaremos mesmo a examinar essa vida ou a examinar as sombras que ela projecta noutras vidas? O ente ou as suas relações? Realidade objectiva ou o ponto de evasão de um exercício de perspectivas múltiplas? O prisma ou o arco-íris que ele refracta? E se formos nós a parede? E se nunca projectarmos uma sombra ou um arco-íris mesmo nosso, limitando-nos apenas a levar com aquele projectados por outros?” – página 215

5€, na Feira do Livro na Ericeira.

David Russell interpreta Se Ela Perguntar de Dilermando Reis

Espectáculo cujos os lucros reverterão a favor da APAC – Associação Protectora de Animais do Cadaval (via FOTO CRIATIVA)

Espectáculo cujos os lucros reverterão a favor da APAC - Associação Protectora de Animais do Cadaval Dia 5 de Outubro a APAC junto com a Rádio FM Cadaval organizam um mega espectáculo com a participação de vários artistas. Horário – 15 às 20h Local – Pavilhão do C.A.C(junto ao clube atlético do Cadaval) Preço dos bilhetes – 4€ Locais de venda de bilhetes : Rádio FM Cadaval Junta de Freguesia do Cadaval Tabacaria Baú da Fortuna (Ecomarché) Loja Arco Íris – Praça da República – Cadaval Os lucros reverterão a favor da APAC para fazer face às despes … Read More

via FOTO CRIATIVA

Se tivessem roubado não eram tão fiscalizados (via BLASFÉMIAS)

Pacheco Pereira chama hoje a atenção para a intrusão das autoridades nas nossas vidas. O caso parece-me gravíssimo e confesso que desconhecia que isto era possível: «O último número da revista Focus tem uma notícia que ainda teve o condão de me surpreender, coisa cada vez menos possível para quem já viu porcos a voar e não foi só um ou dois, mas uma vara. A notícia lá está, incluindo testemunhos e fontes identificadas, e continua a lá estar, no m … Read More

via BLASFÉMIAS